RELAÇÕES IMPRECISAS, claudia hamerski |
deixar sangrar o país
deixá-lo morrer
goteiras no hospital abandonado
vasos sanitários estourados
a boca do bêbado
o silêncio das moscas
o que é delicado se cala
ocupa gavetas
se enfronha nas conversas diurnas
na ocupação cacete
as chamas se espraiam, o fogo ondeia
o atlântico ocupado em seus projetos milenares
as crianças precisam ocupar espaço, divertir-se
as crianças precisam passear
as crianças precisam - é urgente -
gostar deste mundo
deixar sangrar o país
esfaquear, atirar, cortar
tudo é modo de moer o outro e o medo
tudo é meio de matar no outro a si mesmo
assisitir ao espetáculo do fogo
parado dentro de si
e o risco iminente de romper a platarforma
invadir casas
ocupar cidades
o perigo de sangrar o país
(São Paulo, 06 de setembro de 2018)