Demita seu
poema
Ande só
O sol já baixou
Se despeça
Ande distante do vento
Demita seu poema como quem abre mão
Como quem empurra esses dias para fora de casa, desfila-os invertidos na calçada
Arlequinal!
Cada palavra hoje em dia
Parece transpirar
Conspiração
Toda pedra é suspeita
Na prece do dia
A manhã escoiceada na avenida
Vinte e três de maio
Toda prece é do dia
Ao insinuar a chama
Um relógio, um lamento
Ao perseguir as sombras
Do que em nosso país foi passado
Para trás
O sol já baixou
Se despeça
Ande distante do vento
Demita seu poema como quem abre mão
Como quem empurra esses dias para fora de casa, desfila-os invertidos na calçada
Arlequinal!
Cada palavra hoje em dia
Parece transpirar
Conspiração
Toda pedra é suspeita
Na prece do dia
A manhã escoiceada na avenida
Vinte e três de maio
Toda prece é do dia
Ao insinuar a chama
Um relógio, um lamento
Ao perseguir as sombras
Do que em nosso país foi passado
Para trás
De uma
fruta
Uma arma
Um anel de
noivado
Uma flor
Como quem
perde a mão
- pois
limpá-la é impossível -
no limite da
luta
o suor e o combate
o suor e o combate
por mais um
dia
que nasce
entre fumaça
e desprezo
café, gás
carbônico
cigarros
a cidade e suas chaminés
a cidade e suas chaminés
incinerando
sonho e segredo.