terça-feira, 26 de junho de 2012

# lusofilias

/Imagem de Manuel Figueira/


Puchinho encrencado no porto. O repuxar do mar espumando a vontade da ida.

Um poeta e um sabiá. Separações atlânticas, sincera sede das ilhas.

Puchinho e esse idioma malhado, sangue e fonema fecundos. Essa mistura. Pasárgada vista no céu de um labirinto, por entre grades frias, numa gaiola.

Puchinho a ver navios se revezando entre ficar e partir. O repuxar dos sonhos embalalados pelos batelões da Company Oil.

Rememorar pra fazer viva a encenação dos mortos?

Um chamo que solta afinal voa curto no espaço, ecoa fraco entre os vapores. Quiçá tenha caído no mar e escumado entre as ondas, buscando a outra Sãocente, salgando o sangue e também a saudade. Essa palavra transatlântica.



(São Paulo, outubro de 2011)


quarta-feira, 20 de junho de 2012

# resquícios do leste



"Para o júbilo 
o planeta
está imaturo"


Casa-Museu Maikóvski: a velhinha tenta me explicar que é proibido filmar o quarto onde, com um tiro de revólver, suicidou-se o poeta.
Inutilmente.

(Moscou, janeiro de 2007)


# resquícios do leste





Manhã cinzenta na cidade, dez graus negativos: "Existe no homem um vazio do tamanho de Deus." 


(Moscou, janeiro de 2007)