terça-feira, 1 de outubro de 2019

# objetos de mistério





um poema limpo

de um poeta de poesias

é muito pouco

um poema olímpico, de voz larga

a poesia peito-erguido

o homem sem juros

ou inconsequente

endividado

empilhado em dúvidas

o poeta de poesias

esse não

homem de palavras

lavrador de verbo

empunhador de acasos

engenheiro do sol

um homem limpo não basta

um homem olímpico

chamariz dos cristais e das luzes

altivo e de sobreaviso

um homem apolíneo

de banquetes e pompas

ser de bem, elegante

ter dentes, o relógio

custa o preço de uma ilha

as ilhas se apagam no oceano

o relógio e as traquitanas são eternas

quando morrerem arrastarão, junto, os homens

sentimentos, rostos, cheiros

lilases, azuis, clepsidras

objetos de mistério

convidando para um mundo que não conhecemos


# São Paulo, 01 de outubro de 2019





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