um poema limpo
de um poeta de poesias
é muito pouco
um poema olímpico, de voz larga
a poesia peito-erguido
o homem sem juros
ou inconsequente
endividado
empilhado em dúvidas
o poeta de poesias
esse não
homem de palavras
lavrador de verbo
empunhador de acasos
engenheiro do sol
um homem limpo não basta
um homem olímpico
chamariz dos cristais e das luzes
altivo e de sobreaviso
um homem apolíneo
de banquetes e pompas
ser de bem, elegante
ter dentes, o relógio
custa o preço de uma ilha
as ilhas se apagam no oceano
o relógio e as traquitanas são eternas
quando morrerem arrastarão, junto, os homens
sentimentos, rostos, cheiros
lilases, azuis, clepsidras
objetos de mistério
convidando para um mundo que não conhecemos
# São Paulo, 01 de outubro de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário