quinta-feira, 31 de março de 2022

# juízo

Oswaldo Guayasamín 


"Se sabias que eu não era Deus.

Se sabias que eu não era forte."

DRUMMOND



Seu juízo perfura-me o sono, acusa-me,

agudo sinal

Faz gemer minhas pequenas verdades

Quais?

Podia jurar que estavam aqui.


Giraram, sumiram, dançando na poeira.

Acusa-me! Voz metálica,

Eu mesmo

Por conta

Já digo: mendigo,

esmoler de sentimentos.


Esmoler não; extorsor.

Ou – ainda pior, no fim? – 

coração leviano

vagabundo,

que tem essa pressa de viver.


Mas 

são as suas palavras, não essas,

que me alcançam e incendeiam esta noite.



E elas só me dizem 

que está tarde

que nos perdemos

antes que eu pudesse perceber

que todo poema de amor 

é também sepultura. 



São Paulo, 25 de setembro de 2019.


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