terça-feira, 6 de abril de 2021

# ironia

deuxtroistrucs


Ironia, 

pedra-lima

horror do suicida. 

Após o espetáculo 

é pó no espelho a alma do palhaço. 


Miríades, miríades, 

Fina rima à pele nova,

Esgrouvinhada no tempo, 

e mordida nas costas.  


Fina pele irônica, 

Tecelã de tecelãs

Decifra-me e calo-me

No embaraço do amor.  


Sob o ardor dos ponteiros, 

a campainha matutina do trabalho

acorda 

e se repete 

na voz de seminário 

– autômata  


Esperar, vesperar,  esperar 

A folhagem do sono

nos olhos do tempo.  

Você perdeu

no azinhavre da boca 

notas contra a natureza

- lutar contra janeiro e contra o sol. Lutar 

com ironia.  

Em tom mordaz morder o orgulho alheio


E agora, 

ardente, sardônica 

Ironia, 

Com que sagacidade nos cavou essa ruína?


a sós, 

sem luz, sem som:  

borrões de riso tresloucado.  



# São Paulo, 2007

Um comentário:

  1. Adoro os poemas que falam sobre suicídio. Assunto tabu, que a poesia brilhantemente aborda

    ResponderExcluir