"Seremos sós entre esqueletos de petróleo e giz "
(Evandro Camperon)
onde
seus olhos
mãos, boca
posso vê-los
derretidos
na paisagem
na paisagem
sem beleza
somos sem-olhos e também sem-narizes
e o paladar se foi antes da paisagem
mas fechar os olhos nunca
um ver-chumbo, um ver-pólvora
um ver-sangue seco
não sinto o paladar desde aquele
mas fechar os olhos nunca
um ver-chumbo, um ver-pólvora
um ver-sangue seco
não sinto o paladar desde aquele
aluvião
desde então pesadelo
narcose
não é só abrir os olhos
imbecil
narcose
não é só abrir os olhos
imbecil
aplacar a fome
isso faz tempo que não
é sempre um roer de ossos
pedra pau
come-se e descobre-se a morte
mesmo assim todos se atiram à comida
a fome se impõe
somos tíbios
temos fome
é difícil afirmar
já fomos melhores
dizem
dizem
ou era apenas um ter-narizes
ter-olhos ter-bocas
só falamos
nem isso
comer e beber
quase animalizados
nem isso
quase robôs
nem isso
chusmas de dúvidas
ecos de esquecimentos
palavra envenenada
olhos manchados
nos pensavam deuses
nos sabemos monstros
cala essa boca
imbecil
# São Paulo, 1º de setembro de 2019
(Fuente: weheartit.com, vía cocaine-kay) |
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