sexta-feira, 17 de junho de 2011

# a alma dos mortais


/Imagem de Mário de Almeida/


Lembrar e suportar, tal era o peso. O travo, eh! Guardar dentro do peito - batia o punho no roupão.

Mais novo era abatido, engrossou cedo a fila dos vencidos.

Ratuíno, azarado, pubo, puto, poltrão!

Logo afastou-se dos cenários móveis, acuou-se, prendeu-se, cuidou de detalhes, e escolheu palavras com cuidado: minudências.

Se lhe chamavam frágil suspirava: era mortal, ora essa, frágil porque feito de matéria viva.

Era duro, por dentro, dizia. Duro. Palavras fortes, pesadas, resistentes, puro aço, ácidas, secas.

Antecipara as brenhas para não perder-se, eis a verdade toda.

O oco, eu? Nem morto.

Sílaba por sílaba o silêncio.

Havia vento, havia luz, havia chuva, e tudo só recrudescia em seu severo alento: persistir, aprofundar, inamovível, na convicção.

O outro - ele, eu - que o escutasse: só diria o preciso.

Que era isso.

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