quinta-feira, 9 de abril de 2020

# veneno da madrugada


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não há fé
não há fresta
não há festa
e se houver
não é esta

não há mais

nem a mais
ademais
carnavais

sem futuro

ou furo no escuro
só muro
murro
urro
e sussurro

há têmporas intempestivas

não tempo, não horas, não dias
há azar
não acaso
só casos
e descasos

o que mata

ou desmata
não tem carta
descarta
a carne descarnada

vai pelo jeito

do desajeito
vai pela via
que se desvia
e se esvai
no desvario
vazio
pueril
ou senil

não há palco nem talco

não há espaço nem laço
não há bar nem mar
não há prece nem messe
ou quermesse
ou benesse

não há cura

ou loucura
nem pura bravura

não há chão

nem balão
nem pião
não há mão
ou irmão
- não há pão!

no outono

sem sono
nem a mera quimera
só espera
não da nova era
para nossa esfera
mas de pavorosa besta-fera

mais nada

apenas o veneno da madrugada

tão difícil de engolir



# São Paulo, 10 de abril de 2020


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