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não há fé
não há fresta
não há festa
e se houver
não é esta
não há mais
nem a mais
ademais
carnavais
sem futuro
ou furo no escuro
só muro
murro
urro
e sussurro
há têmporas intempestivas
não tempo, não horas, não dias
há azar
não acaso
só casos
e descasos
o que mata
ou desmata
não tem carta
descarta
a carne descarnada
vai pelo jeito
do desajeito
vai pela via
que se desvia
e se esvai
no desvario
vazio
pueril
ou senil
não há palco nem talco
não há espaço nem laço
não há bar nem mar
não há prece nem messe
ou quermesse
ou benesse
não há cura
ou loucura
nem pura bravura
não há chão
nem balão
nem pião
não há mão
ou irmão
- não há pão!
no outono
sem sono
nem a mera quimera
só espera
não da nova era
para nossa esfera
mas de pavorosa besta-fera
mais nada
apenas o veneno da madrugada
tão difícil de engolir
# São Paulo, 10 de abril de 2020
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